quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Madame Satã


O Pernambucano João Francisco dos Santos (1900-1976), o mítico Madame Satã, era uma espécie de bandido chique. Dizia ser filho de Iansã e Ogum e devoto da cantora americana Josephine Baker. Homossexual assumido em plenos anos 30, ele reinava como camareiro, cozinheiro, transformista, leão-de-chácara e ladrão no submundo da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro. Negro, pobre e analfabeto, João dos Santos ganhou o apelido de Madame Satã por causa de uma fantasia que usou no bloco carnavalesco Caçadores de Veados em 1942.
Madame Satã foi especial pela infinita capacidade de transformação. Nunca aceitou um único papel. Homossexual, se vestia com o chapéu de panamá e linho apurado de bom malandro, a despeito das sobrancelhas feitas. Jamais admitiu homem se casar com homem e chegou a ter rumorosos casos com meninas de 12 anos. Lutador, viveu quase 28 anos preso em lendária tranqüilidade. Negro, usava os cabelos longos e alisados e comprava briga para ir aonde bem entendesse.
Para entender quem foi Madame Satã, é preciso compreender quem foi João Francisco dos Santos e o que foi a Lapa dos anos 30, território-livre da malandragem que resistiu ao bota-abaixo do Centro do Rio, promovido pelo prefeito Pereira Passos. O desmanche de morros, a abertura de avenidas e a demolição de cortiços foi uma tentativa de assepsia da capital federal que, no início do século 20, contava com 800 mil habitantes, 200 mil deles desocupados de todas as espécies, de baleiros a biscateiros, desempregados, rufiões, prostitutas e jogadores de capoeira, entre eles o próprio João dos Santos.
Foi nesse tipo de ambiente que surgiu Madame Satã. Vinte anos depois da Abolição, o menino trabalhava como escravo em Itabaiana, na Paraíba, antes de fugir para o Rio. Depois passou para as mãos de Catita, uma cafetina de 180 quilos que comandava um dos bordéis mais animados da cidade e tornou-se freqüentador de célebres bares e cabarés da mitologia carioca: Colosso, Capela, Imperial, Bahia, Apolo, Royal Pigalle, Viena Budapest, Casanova e Cu da Mãe. Era um tempo de uma marginalidade pré-industrial, com raras armas de fogo, quando um negro forte podia criar fama no tapa e na navalha, antes de se lambuzar com um "boneco" de cinco gramas de cocaína comprado na farmácia mais próxima.
Ao todo, João Francisco contabilizou 27 anos e oito meses de cadeia, 29 processos, 3 homicídios e cerca de 3 mil brigas. Ágil lutador de capoeira e mestre no manuseio da navalha – contam que ele sempre trazia uma presa na sola do sapato –, Madame Satã só recorria ao revólver em situações extremas, a exemplo da vez em que desfechou um tiro num soldado, na esquina da rua do Lavradio com a avenida Mem de Sá. Na famosa entrevista concedida ao histórico tablóide O Pasquim, em 1976, com seu deboche habitual o malandro afirmou ter sido preso injustamente, alegando que a arma disparara de forma casual. “A bala fez o buraco, quem matou foi Deus”, afirmou. Dizia que não brigava, se defendia. 


7 comentários:

  1. muito massa vei ... bixo lendario, tem uma boa reportagem , na resvista praticando capoeira sobre o memos, mais mesmo sendo mairo e de renome , não chega ao pes dessa dai, o filme dele é muito bom mesmo, com lazaro ramos , vale a pena ver( se não tiver preconceito homosexual di logo), agora entre esses dois falta detalhem q aqui tah bem mais completa , por exemplo não sabia que ele era paraibanho ... parabens ai dende, masse geral


    CATRACA xD

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkk

    escrever com sono so da em erros ortograficos .... uahsuashua
    tentem intender ai kkkkkk

    catraca dinovo xD

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  3. leseraaaa, eu perdoo vc pelos erros ortográficos ;)
    ultimamente acho que vc é o único leitor desse blog, mesmo assim eu agradeço imensamente pois tenho vc leitor!! hauahauahauahauha
    catraca the best ;)

    valeu
    depois posto mais coisas masssssssssss to ocupada ;)

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  4. so pra corrigir , realmete o bixo é de PERNAMBUCO kkkkkkkkkkkkkkkkk
    isso q da ler as coisas na madruga uasuasuahs...

    o melhor leitor , merecia ate um premio

    SEMPRE CATRACA XD

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  5. Muito legal conversei uma vez com um policial civil que na época Era Guarda Civil!!! o coroa disse que Madame satam deu muita Porrada em muitos policiais daquela época, que era muito ágil e temido...

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  6. Madame Satã é lenda, pena que não é valorizado por certos preconceitos que não atribuem a quem merece o seu verdadeiro valor.

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  7. Madame satã era fodão!!! curti muito a reportagem, parabéns!

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